Para exercer a profissão de jornalista é necessário o diploma?

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ANJ comemoram os 30 anos em Brasília


Renato Freitas
No último mês de agosto, foram comemorados em Brasília, os 30 anos da Associação Nacional de Jornais, que se reúnem uma vez por ano. Esse ano, contou com a presença do Ministro da Fazenda Guido Mantega, O diretor presidente do jornal O Globo, João Roberto Marinho, A diretora presidente do jornal O Povo, Luciana Dummar, e os demais membros da diretoria da ANJ, que enalteceram os 30 anos da instituição e da importância desse encontro. E ainda, falaram sobre o diploma para jornalistas.

O Ministro da Fazenda Guido Mantega, enfatizou os 30 anos da Associação Nacional de Jornais.

Ministro Guido Mantega – "Esses 30 anos merecem ser comemorados, porque, durante esse período a Associação Nacional de Jornais, deu uma contribuição importante para a democracia no país. Há 30 anos, o Brasil vivia numa ditadura militar, e, os jornais e a imprensa de um modo geral, foram um dos principais reponsáveis pela virada do país e pela redemocratização. E hoje, eles continuam dando essa contribuição fazendo críticas e informando ao leitor, estimulando várias questões no âmbito nacional. Então, eu acho que só temos a comemorar esses 30 anos da ANJ".

A presidente da Associação Nacional de Jornais Judite Britto, também, deu ênfase aos 30 anos do evento e, falou sobre o diploma para jornalista.

Judite Britto – "Em relação aos 30 anos da ANJ, acho que é uma data muito significativa para nós, uma vez que, a luta pela liberdade de expressão não acaba nunca, ela é, eterna. Isso nas maiores democracias do mundo. E, não seria diferente no Brasil. Então, a despeito de sim, vivermos hoje, numa democracia, achamos que o papel da instituição continua o mesmo. O objetivo da criação da ANJ, há 30 anos, que foi a luta pela “Liberdade de Expressão”, continua viva, continua de pé. Acho que temos um papel importante na sociedade, tendo em vista, os exemplos recentes que tivemos de censura prévia a jornais, por exemplo: no caso do jornal “Estado de São Paulo”. Então, é uma comemoração que pretende uma análise do passado, do nosso papel no passado, mas, também, reiterar o nosso papel em relação ao futuro. – Quanto à questão do “diploma”, acho que é importante deixar claro, que não apenas a Associação Nacional de Jornais, (ANJ), como todos os jornais associados, valorizam absolutamente de forma clara, a formação do jornalista. A ANJ, nunca foi e jamais será contra o “diploma” do jornalista. Ela é favorável, e, a utiliza a vantagem, que representada por uma pessoa com o diploma, usa em seus quadros sem dúvida nenhuma. A nossa posição em relação à legislação, é que foi pela não obrigatoriedade da exigência do diploma, uma vez que há especialistas capazes e que o fundamental neste caso é a formação humanística de forma geral. De novo, reiterando, ANJ, apoia a boa formação universitária em jornalismo, e tem todo interesse em estimular as escolas de jornalismo. Pretendemos inclusive, iniciar um trabalho com vistas ao estreitamento de relações, para que os currículos universitários e as boas escolas de jornalismo se mantenham e tenham um futuro promissor.

João Roberto Marinho, do jornal “O Globo”, foi o homenageado do dia, e um dos fundadores da Associação Nacional de Jornais.

Como foi criada a Associação Nacional de Jornais?

R – Primeiro, eu gostaria de fazer um agradecimento muito especial a duas pessoas que foram muito importantes para o início dessa Associação. Cloves Chagas Freitas e meu pai Roberto Marinho. Há 30 anos, o Cloves Chagas Freitas, me procurou para propor a criação de uma associação, que reunissem os jornais mais importantes do Brasil. Ele me disse, que já havia conversado com José Antônio Nascimento Brito, do Jornal do Brasil. E ainda, disse. Se os jornais do Rio fossem capazes de se unirem, nós conseguiríamos levar adiante esse projeto.

Por que os jornais do Rio não se entendiam?

R – Porque na época, os jornais do Rio, brigavam e se confrontavam de forma feroz entre se.

O senhor Contou com o apoio de Dr. Roberto Marinho?

R – Sim, fui ao meu pai, claro, pra perguntar o que ele achava da ideia. Ele me disse: vocês têm o dever de levar esse projeto adiante. “Não repitam os erros na minha geração, que não conseguem se renderem em torno de nada”. E, ainda disse: “A competição dos jornais deve se dar entorno do melhor jornalismo, da melhor informação do furo de reportagem, da melhor apresentação gráfica e da melhor distribuição. Tudo isso, a serviço do leitor. Em tudo mais, deve haver colaboração”.

Como ver esses 30 anos da ANJ?

R - Se eu contribuí durante tantos anos pra essa associação, foi porque, junto com as minhas convicções entendi a orientação de meu pai como missão. É preciso trabalhar permanentemente em torno das pré condições, indispensável ao nosso trabalho. Um ambiente democrático, e que o meio de circulação de informação seja um valor reconhecido por todos. ANJ, nunca abandonou o seu nome na defesa intransigente da liberdade de expressão, contra toda tentativa de intimidação. Cada um de nós em algum momento, já enfrentou a prepotência daqueles que não se conforma em viver por seus devidos esforços. Nesses anos todos, nenhuma intimidação prevaleceu, porque cada associado contou sempre com os demais, quando se tentou matar a verdade. Muitos veículos ainda enfrentam obstáculos, que podem ser diferentes na forma, mais são iguais na essência. O que conforta, é saber que, aquele que pratica o bom jornalismo será reconhecido.

Como se sente com essa homenagem?

R – Me sinto feliz, porque no momento em que sou homenageado, olho para trás e, o que mais me alegra é constatar que nesses 30 anos, as mais variadas funções tentaram sempre ser parte ativa desses ideais, cumprindo a orientação de meu pai. Quando olho pra frente, vejo muitos desafios, talvez o maior deles, a encruzilhada do mundo de Gital. Não tenho, porém muita dúvida, como disse um colega, de um jeito ou de outro saberemos enfrentar, porque o que nos caracteriza não é o papel, mas a boa informação que ele trás. Em qualquer plataforma o bom jornalismo sempre triunfará, desde que, tenhamos em mente, “o que afronta a liberdade de um de nós é uma afronta a todos nós”.

Evaristo Oliveira, diretor do Correio Braziliense, também, falou da importância do Congresso da Associação Nacional de Jornais, e deu destaque, ao diploma para jornalistas.

Evaristo de Oliveira – Aqui estamos comemorando os 30 anos de existência da Associação Nacional de Jornais, e debatendo vários temas, entre eles, a “liberdade de expressão”, que é de grande importância para o nosso país e que é a essência da democracia. Porque defende, sobretudo, a liberdade de expressão. – Quanto ao diploma de jornalista, como foi dito na apresentação da reunião, da ANJ, “essa foi uma decisão histórica do Supremo Tribunal de Justiça”, (STJ). Porque, foi uma decisão bastante radical que desregulamenta uma profissão consagrada, de profissionais tão importantes que desempenham seu trabalho há tanto tempo. O que nós entendemos principalmente para os “Diários Associados”, é que nós vamos continuar contratando jornalistas profissionais. Portanto, formados. Independentemente de obrigatoriedade ou não do diploma. Por quê? Porque, para fazer um bom jornalismo, depende de profissionais qualificados, e, a formação acadêmica é fundamental para isso. Quer dizer é um profissional preparado para ser jornalista, que conhece a técnica de escrever para jornal, que tem toda uma formação acadêmica para sua credibilidade e sua ética. Sobretudo, para uma postura ética como jornalista. De forma, que essa é a nossa posição. O nosso grupo “Diários Associados” estará sempre, contratando profissionais preparados, especializados para o seu ofício.

Diretora presidente do jornal “O Povo” Luciana Dummar

Luciana Dummar – Nós estamos aqui para celebrar e comemorar os 30 anos da ANJ, e também, para discutir o futuro da Imprensa.

O que tem a dizer sobre a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo?

Luciana Dummar – As redações não vão deixar de ter seus jornalistas, operando na investigação do que for necessário. No nosso jornal isso já era uma praxe, as pessoas de outras áreas podem escrever. Mas, não mudou absolutamente nada na nossa vida. Nós não tiramos um jornalista, por essa questão. Na verdade o que vale, é a qualidade de quem escreve e o bom profissionalismo.